Produtividade, inovação e investimentos: questões-chave para o setor
01/09/2025
O cenário competitivo mundial para têxteis e artigos de vestuário apresenta também janelas de oportunidades. Investimentos focados em produtividade e inovação podem acelerar o ritmo da indústria no caminho da excelência.
O tema da produtividade, que permeia discussões, projetos e políticas voltadas para o setor do têxtil e da confecção (T & C), será o foco da décima edição do Congresso Internacional Abit, que ocorrerá nos dias 29 e 30 de outubro, na Fiesp, em São Paulo. Como tal, conduz também a conferência do executivo e pesquisador alemão Lutz Walter, na manhã do primeiro dia do encontro.
Lutz Walter
Referência em inovação, sustentabilidade e políticas do setor, Walter, que também é o fundador e Secretário-Geral da Textile ETP (European Technology Platform for the Future ofTextilesandClothing), falará sobre “Megatendências que Moldam o Futuro – T&C”.
Atuante nos territórios da pesquisa e do mercado, ele assegura que produtividade, inovação e investimento se conectam. A seguir, ele traça linhas gerais do atual cenário, para aprofundar nesta e em outras vertentes durante a sua apresentação que, no Congresso, terá a intermediação do diretor superintendente da Abit, Fernando Valente Pimentel.
Robótica e processos com baixo desperdício
Walter antecipa que, nos próximos anos, a produtividade em têxteis e vestuário — especialmente em mercados em desenvolvimento como o Brasil — será puxada por três mudanças: automação, produção digital sob demanda e processos eletrificados com baixo desperdício.
Segundo ele, a automação, “desde máquinas inteligentes de corte e costura até manuseio robótico”, ataca gargalos de mão de obra e eleva a consistência.
Já aprodução digital sob demanda encurta prazos, alinha oferta à demanda real e reduz a superprodução. Em paralelo, máquinas eletrificadas e inovações em processos que diminuem o consumo de água, energia e insumos químicos “podem reduzir custos e melhorar a produtividade”.
Na visão do especialista, a combinação dessas práticas promete uma mudança radical de eficiência, fortalecendo a competitividade global da cadeia.
Digitalização, automação e sustentabilidade
Para Walter, o futuro da inovação no setor nasce da convergência entre digitalização, automação e sustentabilidade — pilares que se reforçam mutuamente. Ele explica que o uso inteligente de dados de produção, cadeias de suprimentos e mercados finais ajudam a otimizar qualidade, evitar desperdícios e criar produtos realmente procurados — o que tende a reduzir remarcações e estoque morto.
A automação fornece a precisão e a flexibilidade para executar essa inteligência em escala, enquanto a sustentabilidade direciona a indústria ao uso responsável de recursos e a modelos circulares. “Em vez de operar isoladamente, essas forças estão cada vez mais interligadas, criando uma nova lógica competitiva para o setor”, resume.
Investimentos, parceria estratégia e oportunidades
Observando a Europa, Walter aponta que o capital — público e privado — tem se orientado para asustentabilidade (com foco em tecnologias de reciclagem têxtil e materiais de última geração) e para iniciativas de digitalização que elevam eficiência, agilidade e conformidade com marcos regulatórios em avanço, como ESPR e Passaporte Digital de Produtos.
Para captar oportunidades semelhantes fora da Europa, ele recomenda que países se posicionem como parceiros estratégicos dessas transformações. Isso envolve desenvolver ecossistemas que viabilizem soluções têxteis circulares, investir em infraestrutura digital para rastreabilidade e produtividade e alinhar-se às tendências regulatórias globais. “Dessa forma, mercados como o Brasil podem se tornar destinos atraentes para fluxos de investimento público e privado”, afirma.