Painel 4 | Busca de inovação e novos modelos de negócios em pauta no Congresso
21/10/2024
O Painel 4 do Congresso Internacional Abit 2024 aborda, no dia 31 de outubro, a questão crucial da inovação, como ponto de inflexão para o despertar e consolidação dos negócios no setor do têxtil e da confecção.
O presidente emérito da Abit e atual presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Rafael Cervone, conduz a discussão desta sessão. Com ele estarão executivos que atuam em postos chaves em empresas que “movem” o atual sistema de desenvolvimento, produção e comercialização de artigos de vestuário e da própria moda. São eles Anna Araripe (Mercado Livre), Cassiano Lemos (Azzas 2154) e Cecília Rapassi (Govêa Fashion Business). “Inovação, Tecnologia e Novos Modelos de Negócios” será o fio condutor das reflexões do grupo.
Em busca da vantagem competitiva
Com ampla visão de mercado, que une desde dados sobre desempenho da Indústria 4.0 até novos modelos de negócios, Cervone parte do ponto essencial para o país: o “Custo Brasil”. Para ele, “a diferença entre produzir no Brasil e em outros países concorrentes chega a R$ 1,7 trilhão”. Essa diferença coloca o Brasil em desvantagem competitiva, “sendo crucial tratar desse problema estrutural para o avanço da nossa indústria”.
Se a meta for consolidar uma indústria sólida e competitiva, segundo o dirigente, “é preciso antes garantir que o Brasil seja um país competitivo”. A reforma tributária, que poderia ser uma solução relevante, ainda deixa lacunas, na visão do dirigente. Ao mesmo tempo, ele ressalta que a reforma é essencial para o crescimento sustentável da economia, o que resultará em geração de emprego e renda.
Em busca da excelência
Outro ponto fundamental destacado por Rafael Cervone é a competição com países asiáticos, especialmente a China. “A concorrência, neste caso, não é com empresas, mas com os países. Isto é, com um sistema que subsidia indústrias, promovendo uma concorrência muitas vezes desleal”, enfatiza o executivo. Ampresas brasileiras, no entanto, nem de longe se beneficiam dessas vantagens. Ao contrário, “enfrentam um ambiente regulatório rigoroso e nada favorável”.
É bom lembrar que, ainda que correções tenham sido feitas frente à operação das plataformas de vendas, o Brasil ainda permite concorrência desigual com empresas que operam de fora. “É inadmissível que plataformas estrangeiras gerem empregos fora do Brasil e não paguem impostos adequados aqui”.
Impacto sobre o setor, com ênfase para o varejo
Cervone destaca também a necessidade de adaptação ao novo modelo de negócios trazido pelas plataformas. Este modelo representa um choque principalmente para o varejo, que pode não estar preparado para competir com a velocidade de inovação das plataformas digitais.
Por fim, ele menciona a busca por novos modelos de negócio na confecção. Para isto, cita como exemplo a indústria metal-mecânica, na qual já é realidade o uso de plataformas tecnológicas e de manufatura aditiva –processo de produção que permite criar objetos físicos a partir de modelo virtual.
Segundo Cervone, a Abit, em conjunto com o Senai e outros sindicatos, estuda como essas inovações podem ser aplicadas ao setor de confecção, visando aumentar a produtividade e reduzir custos.
A moda no Mercado Livre
Segundo Anna Araripe, diretora de marketplace do Mercado Livre, nos últimos anos houve um aumento expressivo no interesse por moda em redes sociais e em plataformas de e-commerce. A executiva destaca que, na plataforma, mais de 32 milhões de pessoas navegam mensalmente na seção de moda, tornando esta a quarta categoria com maior frequência de compra. Esse dado reflete o alto nível de engajamento dos consumidores com o segmento.
Araripe salienta que, diante desse cenário, estar atento às mudanças no comportamento do consumidor é essencial. Para captar a atenção de consumidores cada vez mais conectados, ela recomenda a construção de conteúdo com storytelling envolvente, o uso de marketing de influência, e a aplicação de inteligência artificial para personalizar a experiência de compra. Essas estratégias são fundamentais para enfrentar os desafios de um mercado em constante evolução e manter o engajamento com o público
Inteligência de mercado nos domínios da Arezzo&Co.
Um ponto forte no grupo Azzas 2154 (antigo Grupo Arezzo) sempre foi a capacidade de adaptação, assegura o COO Cassiano Lemos. “Conseguimos implementar rapidamente tecnologias que já vínhamos desenvolvendo internamente e que se mostraram essenciais para enfrentar esse novo cenário”, destaca.
Nos últimos anos, o grupo Azzas 2154 intensificou o investimento em tecnologia, sempre com a visão de que ela é um meio para melhorar a experiência de compra e otimizar processos. “O foco é claro: garantir que a cliente encontre o produto certo no momento certo, ao mesmo tempo em que aumentamos a eficiência e a precisão das nossas operações”.
Os resultados dessa estratégia durante um período foi justamente a expansão. Primeiro, com o licenciamento da Vans no Brasil, depois com a associação com a Reserva, “o que nos levou a um novo ciclo de crescimento”. O ciclo culminou, em 2024, na fusão com o Grupo Soma, que deu origem à Azzas 2154.
Ações fundamentadas em dados
A Sócia-diretora da Gouvêa Fashion Business, Cecília Rapassi, mostra que o êxito do trabalho na área de moda, com foco em inovação e uso da tecnologia, é algo que depende da fundamentação em dados.
“Para organizações centradas no cliente, inovação é a criação contínua de soluções que antecipam e superam as expectativas dos consumidores, gerando valor e aprimorando a experiência em cada ponto de contato”, salienta a executiva.
Para ela, conhecer profundamente o consumidor é um passo essencial para usar a inovação da melhor forma... “Traremos nesse painel dados recentes da pesquisa “Consumidor do Amanhã” da Mosaiclab como reflexão para uso das novas tecnologias e modelos de negócio”, finaliza.
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