Em foco, cadeias de suprimentos – eficientes, inovadoras e mais sustentáveis
12/09/2025
O futuro da indústria têxtil passa por cadeias de suprimentos mais eficientes, inovadoras e sustentáveis. No Congresso Internacional Abit 2025, especialistas analisam os desafios e apontam caminhos para elevar a competitividade do setor.
O auditório da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) sedia, nos dias 29 e 30 de outubro, a décima edição do Congresso Internacional Abit. No centro da reflexão, o tema da “Produtividade como catalizador do crescimento e prosperidade”. Entre os destaques da programação, o Painel 5 reunirá especialistas para tratar da questão das Cadeias de Suprimentos Resilientes e Eficientesdiante de um mercado global cada vez mais competitivo.
O debate abordará a otimização logística na indústria têxtil, as tendências de nearshoring e reshoring e seus efeitos sobre a produtividade, além do papel das tecnologias de rastreamento e transparência na cadeia.
Os convidados Dawid Wajs (Louis Dreyfus Company), Henry Costa (T. W. Consulting) e Laurent Aucouturier (GherziTextileOrganization AG) compartilharão análises e exemplos de práticas que podem reposicionar o Brasil como protagonista no setor.
Mediador do painel, o diretor-superintendente da Abit, Fernando Valente Pimentel, ressalta que “uma cadeia de suprimentos eficiente e resiliente é a espinha dorsal da produtividade”. Para Pimentel, quando os fluxos de matéria-prima, produção e distribuição funcionam de forma otimizada e sem interrupções, a indústria ganha competitividade. “Evita-se a falta de insumos, reduzem-se custos com estoques, encurta-se o tempo de entrega ao consumidor. Em um ambiente de negócios moderno, não há produtividade máxima sem uma cadeia ágil para responder às oportunidades e forte para resistir aos desafios”, afirmou.
Têxtil 4.0: resiliência além da eficiência
Questionado sobre os fatores que tornam a cadeia de suprimentos têxtil mais produtiva sem perder resiliência, Laurent Aucouturier, parceiro da GherziTextileOrganization AG, afirma que a experiência quase centenária da consultoria mostra que eficiência e robustez caminham juntas.

Laurent Aucouturier
O executivo explica que o primeiro passo é fortalecer a colaboração entre todos os atores, das matérias-primas ao produto final. “Sem cooperação ao longo da cadeia, não há eficiência sustentável”, destaca.
Para ele, integração vertical e tecnologia são decisivos. “Empresas verticalmente integradas respondem melhor às mudanças do mercado, enquanto a digitalização — sobretudo no acabamento — economiza recursos e reduz prazos”, observa. Aucouturier acrescenta ainda que escala produtiva é pré-requisito para atender ao varejo moderno e que a presença em diferentes regiões funciona como amortecedor contra crises logísticas e mudanças em acordos comerciais.
Têxteis sustentáveis: caminho viável para exportações brasileiras
Dawid Wajs, diretor de Algodão da Louis Dreyfus Company no país, frisa que o cenário de altos custos financeiros e riscos operacionais ampliados torna cada erro em compra, planejamento ou produção um fator de perda de competitividade.

Dawid Wajs
“Se o Brasil quer se posicionar como exportador de produtos têxteis sustentáveis e 100% nacionais, precisa integrar melhor seus elos produtivos, investir em tecnologia e adotar práticas já consolidadas em outros países”, afirma.
Entre os casos de êxito, Wajs destaca os parques industriais integrados da Turquia e de Bangladesh, que conectam produtores, fiações, tecelagens e confecções. Também defende o avanço da rastreabilidade com cálculo de pegada de carbono e consumo de água, o planejamento colaborativo de demanda utilizado na China e o fortalecimento da logística multimodal. “Com uma estratégia colaborativa, temos condições de transformar a cadeia têxtil brasileira em referência global de eficiência, sustentabilidade e inovação.”
Digitalização como fator de aceleração da cadeia têxtil
A indústria têxtil e da confecção no Brasil vive um ponto de inflexão. “O cliente tem acesso a produtos de moda no mundo inteiro. Ou transformamos a cadeia de suprimentos em motor de inovação e resiliência, ou corremos o risco de ficar para trás”, afirma Henry Costa, consultor da T. W. Consulting.

Henry Costa
Para ele, investir em eficiência e adaptabilidade deixou de ser uma escolha e tornou-se necessidade estratégica, sobretudo diante da concorrência com os polos asiáticos.
O consultor destaca que a integração de todos os elos da cadeia, por meio de plataformas digitais de gestão de matérias-primas e capacidade produtiva, é essencial para entregar velocidade e preços competitivos. Questionado sobre o papel da digitalização e do uso de dados em tempo real, Costa frisa: “Quando recursos estão digitalizados, é possível identificar gargalos antes que se tornem críticos, antecipar atrasos e reagir rápido às mudanças de demanda”. Segundo ele, inteligência artificial e dados de vendas consolidados permitem capturar tendências e definir com maior precisão o tamanho das apostas. “Este é o maior desafio do setor”.