Economista abre Congresso Abit com análise sobre o setor
04/07/2025
A produtividade, tema central do 10º Congresso Internacional Abit, será também o fio condutor da palestra que o economista Bráulio Borges ministra na abertura do evento, na manhã do dia 29 de outubro, na sede da Fiesp, em São Paulo. Com foco no setor têxtil e de confecção, Borges vai abordar um tema cada vez mais urgente: a produtividade na indústria brasileira.

Segundo o analista, este é um dos aspectos essenciais para elevar o chamado PIB potencial do país. “Produzir mais com os mesmos trabalhadores e equipamentos é o caminho. É preciso lembrar, citando Paul Krugman, que a produtividade não é tudo, mas é quase tudo”, frisa.
Fim do bônus demográfico e novos desafios
Borges alerta para uma mudança estrutural importante: o Brasil encerrou recentemente o período do bônus demográfico — quando a população economicamente ativa crescia mais rapidamente que o total da população. “Com o envelhecimento dos brasileiros, não podemos mais contar com o crescimento via força de trabalho. Agora, precisamos de ganhos robustos de produtividade”, afirma. Mesmo assim, ele observa que o país tem tido avanços – ainda que muito modestos – neste aspecto nas últimas décadas.
Reforma tributária como motor da eficiência
Entre os fatores que podem destravar o crescimento produtivo está a reforma tributária aprovada em 2023. Segundo Borges, seus efeitos virão de forma gradual entre 2026 e 2032, mas devem ser expressivos. “As estimativas apontam para um ganho de PIB de 10% a 15% na próxima década. Isso porque a reforma vai eliminar distorções, como a cumulatividade e a guerra fiscal, tornando os investimentos mais acessíveis e os produtos manufaturados brasileiros mais competitivos”, explicou.
A política industrial e seus limites
O economista também comentou o novo programa de política industrial do governo para estimular a produtividade, em especial na indústria de transformação. No entanto, foi cauteloso ao avaliar os resultados até agora. “Ainda é cedo para saber se surtirá efeito. O que sabemos é que políticas industriais só funcionam quando focam em inovação, infraestrutura e competitividade externa — não quando substituem importações”, pontuou.
Indústria têxtil e o desafio da concorrência asiática
No caso específico do setor têxtil e da confecção, Borges destaca que o principal desafio é a concorrência com países asiáticos, onde os custos de mão de obra são muito inferiores. “O Brasil já é um país de renda média alta. Não dá para competir em custo de trabalho com Índia ou Bangladesh. A única saída é a eficiência produtiva”, defendeu. Ele lembrou que mesmo pequenas e médias empresas têm potencial para ganhar produtividade com mudanças simples de processo.
Exemplos de eficiência: o Brasil Mais Produtivo
Como exemplo de boas práticas, Borges cita os resultados do programa Brasil Mais Produtivo, que atendeu inicialmente cerca de 3 mil empresas, inclusive do setor têxtil. “Foram consultorias que ajustaram processos produtivos e de gestão, sem investimento em novas máquinas. O ganho médio de produtividade chegou a 50%”, destaca. O programa foi ampliado para mais de 100 mil empresas e, segundo ele, pode ter impacto duradouro na economia brasileira.
Produtividade como estratégia de sobrevivência
Para o economista, a indústria têxtil precisa adotar a produtividade como estratégia de sobrevivência, tanto no mercado interno quanto externo. “A reforma tributária ajuda, mas não resolve tudo. O setor precisa agir de forma direta, buscando eficiência. O custo da mão de obra no Brasil não vai cair a ponto de ser competitivo com países asiáticos. Urgente é investir em processos produtivos mais inteligentes e eficientes”, conclui.